quinta-feira, 20 de maio de 2010

Cometi alguns versos depois de uma discussão com um conhecido, sobre religião, vida, certezas e dúvidas.
Obviamente, com nossa discussão, chegamos como sempre em "nowhere", em lugar nenhum. Mas rendeu uma tentativa, como sempre frustrada, de poesia. Ei-la:

"Maldito dom de questionar
Que em mim foi implantado
Entorno sangue a procurar
Respostas que acalmem meu estado,
Que cesse da pergunta o perturbar,
Me façam ainda menos precisado
Deste eterno duvidar
Que tanto leva ao forcado
Quanto ao milagre de encontrar
Verdade que nos leve a um caminho
Bem mais certo de trilhar
Mas enquanto foge o que é correto
Destas mãos cansadas de procurar
Seguem a angustia, duvida e erro
Na carona de meu andar
Me guiam tristeza e choro
Enquanto a mim não se revelar
Qual da vida é o segredo
Que ninguém vai me contar
Ainda seria melhor consolo
Não ter capacidade de pensar
A viver com o doloroso
Peso que é acreditar
Que algo na vida está errado
Mas o que é, não consigo revelar."

Diego Schirmer

terça-feira, 18 de maio de 2010

Desabafo de um velho caquético, ignorante e preconceituoso...

“-Você é um ignorante, preconceituoso e chato!” – Foi a sábia e pesada sentença, emitida por um ser que, atrás da franjinha e da pesada maquiagem, identifiquei como sendo um adolescente, teoricamente do sexo masculino. Emitiu a frase – digo emitiu, porque as palavras foram praticamente sussurradas, entre os dentes, com ódio e revolta típicos dessa idade, o que me fez pensar em pequenos canibais juvenis, dançando ao som de “Fresno” ou algo que o valha, em torno do meu cadáver singelamente esquartejado com as próprias pequenas lâminas de apontadores, com as quais os mesmos ameaçam suicidar-se quando a mesada acaba antes da hora – emitiu a frase com toda a certeza e seriedade, do alto de sua imensa carga de experiência, adquirida ao longo de seus 12 ou 13 anos de vida, vividos intensamente, entre porres de achocolatado e perversos selinhos nos amigos, com o dinheiro e permissão de seus pais, obviamente.
Senti-me um velho. Senti-me um velho chato, ultrapassado e ignorante, que insiste em usar o mesmo preto da minha adolescência, me senti um velho preconceituoso e quadrado, por ainda insistir em escutar os mesmos blues e metais da minha recente “juventude”, me senti um obsoleto senhor da geração passada, há pouco mais de 10 anos atrás, quando ser um adolescente heterossexual ainda era normal, e nós, meninos, beijávamos meninas. Mas principalmente, me senti um velho deslocado e, enfim, caiu a minha ficha. Caiu a minha ficha de que a minha geração passou, minhas bandas preferidas e minhas camisetas negras caíram, que hoje eu sou o adulto detestado, responsável e vendido ao sistema capitalista. Senti-me um velho daqueles bem irritantes, saudoso de seus tempos áureos e criticando a geração mais nova.
E isso me agradou! Agradou-me como só agradaria a um velho vingativo, que enche o peito de ar, quase desmaia pelo esforço e diz: “Morram de inveja seus adolescentezinhos ridículos! Morram de inveja porque no meu tempo a gente tomava vinho de verdade, bagunçava de verdade, ouvia música de verdade e nunca precisou fingir uma ressaca ou pagar de depressivo para chamar atenção!” Hoje eu descobri que sou um chato, ignorante e preconceituoso para a geração atual, assim como os adultos os eram para a minha, e resolvi admitir isso, resolvi diante do mundo dizer que sou um cara atrasado e que vou continuar assim, pois ainda acho que blues e heavy metal são melhores que funk e emocore, que cerveja e vinho são melhores que bolachinha recheada e leite e que “Laranja Mecânica” é muito superior à “Crepúsculos” em geral. Hoje compreendo perfeitamente a frase “No meu tempo é que era bom...”. Hoje sei que os velhos secretamente zombavam de mim lembrando de suas glórias passadas, assim como eu mesmo o faço.

À propósito, o que desencadeou a fúria do adolescente de franjinha, que me fez despertar para o fato de que sou um caquético adulto inconveniente e atrasado, foi a seguinte frase dita por mim:
“-Cara, essa música do (acrescente aqui o nome de qualquer bandinha genérica que cante estridente e fale de coisas superficiais e fúteis) é uma m#$da... No meu tempo é que era bom...”.

Não era: Backstreet Boys e o Tcham são a maior prova disso. Mas pelo menos tinha o R.E.M. e Legião... Só que eles eram oitentistas... É... meu pai é que estava certo, bom mesmo era no tempo dele!

Diego Schirmer

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Beijo



Aquilo foi um beijo?
Teria sido devorado
Antes que amãnhecese
As arvores balançam
Suas folhas velhas caem
Como minha língua
Dentro da sua boca
Quente como larvas
De um vulcão
Em erupção, me beija
Não diga nada
Apenas deixe o clima rolar
Sinta meus lábios
A sua linda boca tocar
Esqueça o mundo
Vem me devorar
Arranque meus cabelos
Deixe o clima rolar
Sabor igual não tem
Nem os doces mais doces
Contém a doçura
Que o teu beijo tem
Abrace-me
Passe suas mãos no meu corpo
Tire minha roupa
Jogue-me no chão
E me beija
Apenas me beija
Sentir esse movimento
Briga de línguas boca adentro
Fazendo enlouquecer
Insano, mais insano quero ser
Beijar-te
É me apaixonar
Cada vez mais
Risco enlouquente
Beija-me Loucamente
Faça-me delirar
Encosto-te na parede
E te faço me beijar
Com toda intensidade
Temos intimidade
Por isso
Esqueça tudo vem
Feche seus olhos e me beija.

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Sou o que sou, sem sombra de dúvidas.

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